segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

ENTREVISTA COM RODRIGO DE OLIVEIRA: O ESCRITOR DE "O VALE DOS MORTOS"








O que você faria se soubesse que um planeta muito maior que a terra irá se chocar com ela?
                As notícias nacionais e internacionais dizendo que o fim da humanidade se aproxima e não há o que fazer! E agora?
Então um dia você descobre que o planeta não vai se chocar com a terra, e que será apenas uma bela passagem de um imenso planeta visto de nosso céu. Porém bem neste dia, quase todo mundo que você conhece desmaia e acorda transformado em um zumbi sedento por sangue.
“O Vale dos Mortos” é a alucinante primeira parte da saga “As Crônicas dos Mortos” do escritor Rodrigo de Oliveira, que já começa sua carreira em grande estilo, colocando os brasileiros para arrebentar alguns miolos também (Ou você achou que era só nos Estados Unidos?).


“O Vale dos Mortos” conta a história de Ivan e Estela, Um casal comum, passeando no fim de semana no shopping com os filhos e que de repente se veem em um inferno na terra, literalmente.
O mais interessante de seu livro é que este acontece em locais reais, mais precisamente na cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo, e vai se expandindo para as cidades vizinhas, como Taubaté, Caçapava e chegando até mesmo na Capital.

Pois bem, hoje vamos conversar com o Autor do aclamado livro “O Vale dos Mortos”, Rodrigo de Oliveira, e para celebrarmos juntos a disponibilização gratuita de seu mais novo conto: “Elevador 16”, que é um Spin-Off da saga “As Crônicas dos Mortos”, e cá entre nós, uma história horripilante sobre zumbis e incrivelmente viciante!



Antes de mais nada gostaria de dizer que conheci o Rodrigo lá no Skoob ( rede social de leitores), onde ele costuma ler as resenhas do pessoal que leu o seu livro. Fiz a minha resenha, entramos em contato e hoje sempre que podemos batemos um papo sobre seus livros e contos e tenho que dizer que o cara é um poço de simpatia, receptividade e humildade! Tenho certeza absoluta de que ele vai longe ainda e tem o meu total apoio :D

Matéria de capa do jornal "O Vale", Jornal regional de São José dos Campos, clique na imagem para ampliar


Seja bem vindo ao Panic Geek, Rodrigo!

PG: O vale dos mortos foi o seu primeiro livro ou você já havia escrito outros contos ou histórias?

RdO: “O Vale dos Mortos” foi o  primeiro livro que eu finalizei. Alguns anos atrás eu havia iniciado uma história de suspense que acabou não vingando. Foi um momento complicado, que fez com que eu perdesse completamente o ânimo para escrever. “O Vale dos Mortos” foi mais do que uma obra de estréia, foi literalmente um ajuste de contas com o passado (risos). Eu precisava provar para mim mesmo que era capaz de escrever um livro, e felizmente o resultado saiu bem melhor do que eu poderia imaginar, “O Vale dos Mortos” foi muito bem recebido.

PG: Conte-nos de onde surgiu a inspiração para escrever um livro sobre Zumbis no Brasil e especificamente no Vale do Paraíba?

RdO: A inspiração para o livro surgiu após um pesadelo que eu tive ao assistir o filme “Madrugada dos Mortos”, um remake do clássico “Despertar dos Mortos” de George Romero. Sonhei com o filme a noite inteira, mas no meu sonho a história se desenrolava de uma forma completamente diferente. Ao longo dos dias seguintes eu pensei no sonho sem parar, foi quando decidi transformar o sonho em livro. Assim surgiu “O Vale dos Mortos”. Agora, a opção de ambientar a história em São José dos Campos foi algo muito pessoal, eu moro na cidade a quase onze anos e queria escrever algo que estivesse conectado com a minha realidade, com o meu dia a dia. Isso foi ótimo, obtive um resultado muito mais convincente.

PG: Quem foram as suas inspirações para as personagens Ivan e Estela?

RdO: Ivan e Estela nasceram da minha vontade de fazer algo pouco usual: criar um casal de protagonistas, numa estrutura onde não havia um que ofuscasse o outro. Ivan segue a linha dos heróis clássicos, porém tendo como principal conselheira a esposa (vem na minha mente uma cena do filme 300, onde o rei Leônidas só mata um mensageiro persa depois de olhar para a sua rainha. Ela faz um leve meneio com a cabeça, autorizando-o a fazer o que fosse necessário, e a matança começa). Já Estela é completamente inspirada nas obras de Jorge Amado, um dos meus autores favoritos. Pensei muito no livro “Tieta” enquanto compunha a personagem, uma mulher inteligente, sensual, um tanto sarcástica e muitíssimo valente.

Eu (Dan Carvalho) e Rodrigo de Oliveira posando
para a foto na bienal do livro em São José dos Campos

PG: Particularmente, eu gostei muito da explicação sobre a infestação e sobre o Planeta Hercólubus.
Acredito que tenha havido muito estudo aí. Como foi esse processo de pesquisa com informações tão detalhadas com relação ao planeta da lenda suméria?

RdO: Tudo começou a partir de uma necessidade. Eu queria muito fazer algo inovador, algo que ninguém tivesse tentado antes. A maioria das histórias sobre zumbis partem dos mesmos princípios: zumbis que surgem por causa de vírus, acidentes de laboratório ou simplesmente sem explicações aparentes. Eu queria romper esse paradigma e tentar algo novo. Ao assistir um filme sobre zumbis chamado “Fido, o Mascote”, eu enxerguei algo diferente. Nesse filme os zumbis surgem a partir de uma tempestade cósmica que varre a Terra. Aquilo me fez pensar que seria uma boa forma de trabalhar, usando algo vindo do espaço como explicação. A partir dessa premissa, eu pesquisei inúmeros fenômenos e lendas até descobrir as histórias sobre o planeta Hercólubus. Daí em diante basicamente eu pesquisei diversos artigos e textos e compilei as informações para colocar no livro.

PG: Outra coisa que percebi é que você conhece muito bem os lugares descritos no livro. Você visita os locais para substanciar as suas descrições ou tudo é com base em pesquisa?

RdO: Os lugares de São José dos Campos eu conheço bem! (risos). O resto foi com base em pesquisas, sobretudo as passagens no exterior.

PG: E você já entrou no Condomínio Colinas? É legal lá?  Rs

RdO: Sim, muito legal, tenho parentes e amigos que moram lá. Mas confesso que nunca mais eu consegui entrar lá e observar aquele lugar com os mesmos olhos de antes. Sempre que entro no Condomínio Colinas sinto uma sensação estranha, de verdade.

PG: Com o final de “O Vale dos Mortos” ainda não sabemos para qual caminho a história irá.
O que você pode nos dizer sobre o próximo livro?







RdO: O segundo livro é bem mais sombrio do que o primeiro. É mais violento e trágico também. Nele eu também abordo alguns assuntos sobrenaturais, algo que eu quase não tive oportunidade de fazer no primeiro livro.

PG: Já tem previsão de lançamento do 2º livro da série? Qual será o nome?

RdO: O segundo livro da saga é “A Batalha dos Mortos” e será lançado na Bienal do Livro de São Paulo, em Agosto desse ano.

PG: E você pode nos contar quantos livros serão ao todo na saga “As Crônicas dos mortos”?
E quanto aos contos?

RdO: A saga ao todo terá cinco livros, mas infelizmente não posso falar os nomes dos outros nesse momento, é segredo de estado! (risos).

PG: “Elevador 16” é um tipo de Spin-Off da saga principal.
De onde veio inspiração para criar uma história a parte dentro do mesmo universo?

RdO:  Há algum tempo faz parte dos meus planos escrever uma coletânea de contos que narrem a história de alguns dos personagens da saga. “Elevador 16” é o primeiro trabalho desse tipo e o eBook será distribuido gratuitamente. Os demais contos devem ser lançados após o encerramento da saga. O fato é que tem personagens cuja a história é muito rica, mas tentar esmiuçar todos os detalhes de cada um deles nos livros ficaria muito cansativo, acabaria desviando demais do foco da história em si. Por isso tive a ideia de criar essas histórias paralelas, para que as pessoas possam conhecer um pouco melhor a trajetória desses indivíduos.

Rodrigo de Oliveira enfeitando nosso livro com seu autógrafo :D

PG: As histórias podem se encaixar ao longo da saga?

RdO: Não só podem como irão! Será uma espécie de quebra-cabeças macabro. (risos)

PG: Existe a possibilidade de um dia assistirmos “O Vale dos Mortos” no cinema?

RdO: As pessoas me perguntam isso o tempo todo, e o fato é que eu não sei... minha agente literária tem contatos com produtoras de cinema e ela inclusive está tentando iniciar algumas conversas sobre a possibilidade do “Elevador 16” virar um filme, mas é muito cedo para pensar nisso. Agora “O Vale dos Mortos” é muito mais complexo, teria que ser uma superprodução, o que tratando-se do Brasil não é algo simples. Mas veremos, estou aberto a essa possibilidade.

PG: Após o termino das “Crônicas dos Mortos”, quais serão seus próximos projetos?

RdO: Estou escrevendo outro livro chamado “O Último Baile”, uma história de fantasmas que também é um drama psicológico. O problema mesmo é que ideias não me faltam, o que falta é tempo para executar tudo. (risos)

PG: Soube que você está para trocar de editora. Você pode nos contar qual será a sua nova casa? É promissora?

RdO: Eu acabo de assinar contrato com a Faro Editorial, uma casa nova, porém que reúne diversos pesos pesados do mercado editorial, tais como o Pedro Almeida, ex-editor da Ediouro e Karine Pansa, sócia diretora do grupo Girassol e presidente da Câmara Brasileira do Livro. Estou muito animado, é uma editora que tem muitos contatos, tem lastro financeiro e uma equipe bem estruturada. Eu me sinto num hotel cinco estrelas agora, tudo está acontecendo num ritmo muito acelerado, é até difícil de acompanhar tudo que a editora está fazendo preparando o relançamento do Vale dos Mortos no mercado.

PG: Como um idealizador que sou, sei como é difícil fugir da rotina das pessoas comuns e se embrenhar em fazer algo além daquilo que é comum.
Conte-nos como foi a aceitação das pessoas, tanto dos amigos, quanto de sua família ao descobrir que você estava escrevendo um livro? Houve apoio de todos?

RdO: Minha família me apoiou muito. Várias pessoas queriam ler o livro em primeira mão, dar sugestões, colaborar. Minha maior incentivadora foi minha esposa, que por sinal odeia histórias de zumbis, isso sim que é demonstração de amor!(risos) Mas todos me apoiaram muito, eu venho de uma família de leitores convictos, recebi sugestões e críticas de vários parentes.

PG: E como foi o processo para conseguir publicar o seu livro? É difícil publicar um livro?

RdO: Muito difícil na realidade. Procurei algumas editoras mas não consegui resultados, por isso me propus a arcar com parte dos custos de edição, o que acelerou muito o processo. Mas a maioria dos autores não possui essa alternativa, e nesse caso não tem jeito, é preciso perseverar muito.

PG: Após escrever o livro e publicá-lo, o que mudou em sua vida?

RdO: Diversas coisas, a começar que eu sinto que ganhei alguns milhares de novos amigos (risos). É engraçado, mas todos que leram o livro me procuram e conversam comigo como se fôssemos colegas de longa data. É uma sensação boa, reconfortante. E claro, é muito louco ser abordado na elevador ou no shopping por algum fã, é algo que não tem preço.

PG: Alguma história engraçada após ter se tornado escritor?

RdO: Sim. Teve um rapaz que me escreveu para me cumprimentar pelo livro. Após alguns instantes de bate papo via chat, ele me perguntou: “E então, quando vai acontecer?”. Eu não entendi nada, e perguntei o que ele queria dizer. E eis que ele solta a seguinte frase: “O apocalipse zumbi! Me conta quando vai começar!”. Confesso que eu quase caí da cadeira com aquela pergunta, acho que ele realmente está esperando pelo início do fim do mundo. (risos)

PG: Como a sua família (Esposa e filhos) encaram ter um Pai Pop?

RdO: Eles encaram numa boa. No fundo, acho que eles estão se divertindo tanto quanto eu com toda essa situação.

O Autógrafo :D


PG: Nos conhecemos através de uma crítica construtiva. Conte-nos como você encara tanto as críticas positivas quanto as críticas negativas?

RdO: A critica tem que ser aceitada com naturalidade. Às vezes dói, é óbvio. Mas tento separar as coisas. Eu não tenho a ilusão da unanimidade, isso não existe. Agradar algumas pessoas significa quase que obrigatoriamente desagradar outras, é inevitável. O importante não são as críticas em si, mas o uso que fazemos dos feedbacks que nos são passados. De cada crítica tento extrair um ensinamento, um aprendizado para o futuro. Agora, infelizmente temos muitos haters, que criticam pelo prazer de ferir e humilhar, e isso é muito triste.

PG: Qual mensagem você gostaria de deixar para os Geeks que acompanham o Panic Geek?

RdO: Eu quero agradecer essa oportunidade e gostaria de falar o seguinte: Leiam muito, todos os dias se possível. Toda leitura traz em si algum tipo de tesouro, algo de bom e útil para sua vida. Descubram os assuntos que sejam de seu interesse e leiam tudo que tiverem chance. É uma jornada da qual vocês não irão se arrepender. Para finalizar, quero citar o jornalista e escritor Paulo Francis, que dizia o seguinte: “Quem não lê, não pensa. E quem não pensa, sempre será um servo.” E uma boa leitura para todos nós!


Façam das palavras dele as minhas também, sobre a leitura!

Rodrigo, muito obrigado pela participação e boa sorte nesta longa empreitada que são “As Crônicas dos Mortos”.


Neste Domingo, Foi lançado um Book Trailer oficial de "O Vale dos Mortos", com uma pequena prévia do livro!, Confira:


É isso aí galera, "O vale dos mortos" estará sendo relançado em breve, e em breve vem quentinho re-editado e possivelmente reconfigurado ! vamos aguardar para o que vem aí! :D
Um grande abraço e ... Já estou fazendo minha plantação em frente de casa!

Um comentário:

  1. Ótimo livro, realmente uma história muito diferente do que estamos acostumados a ver, recomendo muito !!

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